Há dias em que o nevoeiro nos invade o peito
tomando de assalto certezas e sonhos...
Turvando-nos a visão sem réstia de preconceito
e raptando com arte tudo aquilo que somos.
Perdemo-nos em amarguras cegas, surdas e mudas.
Rezamos terços, tentamos mezinhas e insanas promessas.
Rogamos, com fervor, mil e uma diabruras
ao mundo, aos santos, aos deuses e às musas.
(Sem pensar, sem medo ou pressas!)
Há dias em que a vida se torna assustadoramente cinzenta,
afastando a esperança de dias soalheiros por chegar...
O nosso eu vira miragem desfocada e pardacenta,
no vaivém das ondas que transportam o eco do nosso chorar.
Há momentos nesses dias que amordaçam a lucidez do pensamento,
encurralando-nos, à socapa, no labirinto camuflado da estupidez.
Perdemo-nos da luz, no imperceptível tic tac do tempo,
por culpa de erros cometidos a conselho da nossa insensatez.